sábado, 13 de agosto de 2011

Os santos, quem são?



Pe. Paulo Carrara, C.Ss.R.
Professor de Mítica o Seminário Diocesano

A Igreja viveu há pouco um momento especial: a beatificação de João Paulo II.  No Brasil, a de Ir. Dulce. Mais tarde, com a canonização, serão declarados santos. Mas, quem são os santos? Partimos de uma expressão muito conhecida, mas sempre nova e surpreendente quando a analisamos: segundo São Paulo, o cristão “está em Cristo” (2 Cor 5, 17), é “um homem em Cristo” (2 Cor 12, 2), por participação em sua Páscoa.  Fostes lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus” (1 Cor 6, 11). O batismo santifica o cristão. Mas sua santidade deverá se atuar ao longo da vida. Procurai a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12, 14). A vida filial, a vida fraterna em Jesus, a entrega total aos homens e a união com Deus supõem um processo de amadurecimento. De um lado, a santidade é dom, já presente no batismo, quando o cristão é associado a Cristo, o santo por excelência. Mas ele se santifica na medida em que atua este dom. O santo atuou na sua vida, às vezes de maneira heróica, a sua santidade batismal.
A beatificação e a canonização são apenas um reconhecimento oficial da Igreja. Ato definitivo e irrevogável, significa que o santo (ou beato) está na glória, merece culto, imitação e se pode recorrer à sua intercessão. Há critérios para a beatificação e canonização, o mais importante é a vivência das virtudes cristãs. Isto significa que o santo foi fiel à sua vocação e fiel aos apelos pessoais de Deus. A caridade se revela a virtude por excelência. A santidade se encontra no amor. E não há beato ou santo que não tenha vivido a radicalidade do mandamento do amor a Deus e ao próximo.
Mas o culto aos santos, como explicá-lo teologicamente? É impossível amar a Cristo sem amar os que estão em Cristo. Os santos estão em Cristo, portanto envolvidos na sua comunicação de amor ao mundo através da Igreja. A intercessão dos santos invoca simplesmente a salvação única que Deus quer nos dar. Eles intercedem para que o plano de salvação se realize para o mundo, para que a vontade de Deus se faça. Eles mesmos conformaram sua vida à vontade de Deus, o que os fez santos. A invocação dos santos impõe uma condição: que se faça a vontade de Deus e não a do devoto. O que o beato ou santo quer para quem o invoca é que a vontade de Deus se realize naquela existência. Se entendido assim, o culto aos santos será mais uma forma de culto cristão prestado a Deus, tornado possível pelo Espírito Santo, autor da Igreja.

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