terça-feira, 17 de maio de 2011

Editorial

Um novo ano inicia-se para todos nós. Nele nossas esperanças se renovam. Aqui no seminário, nova turma, novos colegas. Descortinam-se largos horizontes, de grandes sonhos e possibilidades. É o novo que bate a nossa porta. Pede-nos renovação, acolhida.
Poder ser que nossos corações se angustiem um pouco, pois diante do novo abrem-se também as incertezas e inseguranças. O caminho não está pronto. Na verdade, precisa ser desenhado, só depois percorrido.
            Mas se há disposição no coração, bases sólidas e firmes, o novo é bem vindo. É oportunidade também de revisão, olhar o que não foi tão bom, acolher e fortificar o que já era bom, reinventar novas maneiras de viver.
            E como não poderia deixar de ser, essa edição de nosso jornal “A sementeira”, traz grandes novidades. Um olhar mais sensível perceberá logo que estamos de diagramação nova. É tentativa de fortalecer a beleza. Cativar pelo olhar. Pois há sempre um jeito novo de tornar ainda mais bonito o que já era belo. É  tentativa de “expulsar” das ideias e do coração, aquilo que nos é essencial: somos seres belos, pois a vida é bela!
            Na verdade, não tem outro jeito. O ser humano é sempre muito influenciado pelo meio em que vive e pelos acontecimentos. É seu tempo histórico. Não poderia ser diferente. Nessa edição, somos também envolvidos de gratidão a Deus pelos 32 anos de ministério Episcopal de Dom Hélio, o bispo das vocações, da oração, da entrega. Com certeza, foi alguém que deu tudo de si mesmo, por causa do Reino de Deus. Fica emérito para o governo da diocese, mas no coração dos seus padres e diocesanos, jamais será esquecido.
            Após 32 anos sob a orientação de Dom Helio, a diocese de Caratinga acolhe com alegria seu novo pastor, dom Emanuel M. de Oliveira. Ele é o pastor que vem “ A serviço da misericórdia”, seu lema episcopal. Se dom Hélio tem uma “história de amor para com o seminário”, dom Emanuel tem os seminaristas “como a pupila de seus olhos!”
            Além destes grandes destaques, a coluna do “Fala Mestre” traz um texto cativante do Professor Sergio Duarte, sobre a aplicabilidade do método cientifico na aprendizagem. Uma característica importante da utilização desse método, é que ele possibilita a “conciliação das opiniões” sobre determinado assunto. Na seção de Teologia, um texto profundo em que aborda a experiência de Deus através da Teologia. Na seção de Filosofia, a liberdade como fundamento das ações humanas, está em destaque.
             Demos graças a Deus, nessa edição, pelas possibilidades de mudanças e renovação. Que o novo seja sempre bem vindo em nosso meio. 

Aplicabilidade do método científico na aprendizagem

A preocupação com a melhor maneira de fazer uma aprendizagem, independentemente da idade, deve considerar a contribuição do método científico. Nesse sentido, é válido ler Peirce, um lógico e pragmático americano que também acredita na superioridade do método cientifico para o progresso do conhecimento.
É muito natural a dúvida se fazer presente no processo de conhecimento. Porém, é preciso ficar claro que o estímulo da dúvida deve ser um esforço para atingir um estado de crença. Esse esforço é o que Peirce denomina de investigação.  Se com a dúvida o esforço começa, com a crença, ou seja, com o término da dúvida, o esforço alcança seu fim. Para Peirce, “quando a dúvida cessa, cessa também a ação mental relativa ao assunto; e se prosseguir estará privada de propósito” ( PEIRCE, 1972, p. 78).  Com o fim da dúvida, fixamos crenças que consideramos como verdadeiras. Para que de fato estejamos comprometidos com essa busca de conhecimentos verdadeiros, o autor nos recomenda priorizar o método científico.
No método o científico,as crenças são fixadas por algo externo e estável que afete a todas as pessoas.  “Devemos dispor de algo que afete ou possa afetar todas as pessoas. E embora as maneiras de afetar sejam necessariamente tão diversas quanto as condições individuais, o método deve ser tal que as conclusões últimas de todas  as pessoas sejam as mesmas” (Id., Ibid. p. 85). 
A idéia do autor é de que a base comum de convergência das opiniões do grupo seja a realidade observada e não especulações de uma ou de um grupo de pessoas. Discutindo o conceito de realidade, Peirce  explica: “Há coisas “Reais” cujos caracteres independem por completo de nossas opiniões a respeito delas; esses Reais afetam nossos sentidos segundo leis regulares e, conquanto nossas sensações sejam tão diversas quanto nossas relações com os objetos, poderemos, valendo-nos das leis da percepção, averiguar através do raciocínio, como efetiva e verdadeiramente as coisas são. Todo  homem, desde que tenha experiência bastante e raciocine suficientemente acerca do assunto, será levado à conclusão única e verdadeira. A concepção nova que se introduz é a de realidade” (Idem).
Ressaltando a importância do uso do método científico, o autor comenta que uso dele é uma constante em vários campos do conhecimento, sobretudo porque ele permite conciliações de opiniões. Peirce esclarece  ainda que, acima de tudo, seu interesse é que nossas opiniões coincidam com os fatos, preocupação ausente nos três outros métodos já abordados. Coincidindo com os fatos, nossas opiniões são acolhidas e, uma vez  feita, a escolha nos obriga à adesão.  “A força do hábito fará, muitas vezes, com que homens mantenham velhas crenças mesmo depois de adquirir condição de perceber que elas são desprovidas de base sólida”(PEIRCE, 1972, p.88). Entretanto, a reflexão permitirá domínio sobre os velhos hábitos e  “o homem deve conceder à reflexão o seu peso total”.
 Finalmente, refletindo sobre a fixação de crenças, demonstra que elas vão além do aspecto particular e atingem o coletivo como base de uma moral.  Sendo assim, aquele que está em busca da verdade e procura evitá-la ou ousa desconhecê-la se encontra em um lamentável estado de espírito. Enfim, Peirce usa uma metáfora para demonstrar a importância do método científico na busca do conhecimento: “a genialidade do método lógico desenvolvido por um homem deve ser por ele amada e reverenciada como uma companheira que ele houvesse escolhido dentre todas as coisas do mundo. Não é necessário que ele despreze o que não seja ela; pelo contrário, ele pode prestar homenagem profunda a tudo mais, pois que, ao fazê-lo, honra mais lhe estará concedendo. Foi o que ele escolheu e ele sabe que fez a escolha correta” (Id., Ibid. p. 89).
                                          

                                                  BIBLIOGRAFIA

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica e Filosofia: Textos escolhidos de C.S. Peirce. (Trad)  
     Octanny Silveira da Mota e Leonidas  Hegenberg. Ensaios extraídos dos  Collected 
      Papers of  Charles Sanders Peirce, v.8, 1931 –1952. São Paulo: Cutrix, 1972.
PEIRCE, Charles Sanders . Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.
IBRI, Ivo Assad. Kósmos Noètós: A Aquitetônica  Metafísica de Charles Peirce. São Paulo: 
     Perspectiva: Hólon, 1992. (Coleção Estudos; v.130).
PORTO FILHO, Custódio Moreira. Tese de doutorado sobre a Intuição, Dúvida e Cognição nos Textos Anticartesianos de Peirce. PUC-SP, 1997.


Por: professor Sérgio Pedro Duarte 

OBRIGADO PELO ZELO

32 anos de carinho por nossa casa


É sabido por todos o carinho que dom Hélio tem pelo Seminário. Não é um carinho expresso por palavras, grandes discursos. Só percebem os que são objetos diretos dessa relação.  Os que dependem diretamente da sua generosidade, colaboração, doação, disponibilidade. O seminário goza de uma estabilidade estrutural e financeira. Pode se gabar de seu investimento em formação de qualidade. Isto requer recursos.
Não se tornou, como poderia, um grande instituto, reconhecido. É exclusivo da formação dos futuros padres. Fechado? Aberto para muitas outras dioceses. Nunca foi exclusividade da diocese de Caratinga. Gov. Valadares, Guanhães, Oliveira, Araçuaí.  São muitos os que se beneficiaram, na medida em que contribuíram, da abertura que nasce do apreço que dom Hélio tem pelo seminário.
Existe outra coisa. Mais importante. Requer mais abertura e disposição. Desta ele falava. A oração.  Na sua forma devocional. O terço, as orações da Liturgia das Horas. É para poucos. Reza todos os dias pelos seminaristas. Não raras vezes essa ação é praticada entre nós mesmos. No corredor. Sussurrando para não incomodar. Indo lá, voltando cá. Certificando-se. É o seu jeito de zelar.
Nas celebrações na casa sempre enfatizou o caráter vocacional-formativo. Nunca se esqueceu da necessidade de trabalhar o ser humano em todas as suas dimensões. A dimensão comunitária: “ninguém é padre sozinho”, “me lembro de todos os meus colegas”. A dimensão humano-afetiva.
 A dimensão intelectual, disse na missa que celebrou no dia 4 de março: “interiormente sinto uma alegria sem tamanho ao saber que muitos padres que hoje trabalham na diocese se formaram aqui. E ainda em ver todos vocês aqui. Aproveitem, levem a sério, respeitem a formação”. A dimensão espiritual “todo mês eu conversava com meu diretor espiritual”.
Tudo na sua possibilidade. Alguns momentos importantes da diocese se realizaram no seminário, como as assembleias diocesanas e os retiros do clero. Sempre com sua participação. É uma ligação afetiva. Um desejo de que o espaço físico se converta num espaço de crescimento, amadurecimento, organização e de relação.
Não se sabe ainda ao certo que rumo tomará a maneira de conduzir o seminário. Temos um novo pastor. São ideias novas, sonhos, projetos. Pode ser um jeito diferente de conduzir.  É a riqueza da Igreja. O que há de certo nisso é que qualquer postura que se tome há uma boa base lançada, estruturada, segura. Permite-se alçar vôos.
O seminário tem 53 anos, fez no dia 1º de março, 32 anos sob a orientação de dom Hélio. Tem a sua cara. Não poderia ser diferente.
O que fica para nós, os seminaristas? Fica a imagem de um pastor zeloso para com a Sagrada Liturgia. Um homem de uma fé inabalável. Fica a imagem de alguém apaixonado por Maria, companheira das suas viagens. Firme nas suas convicções. Seguro de que fazia o melhor para sua Igreja diocesana. Nunca se esquecerá a dedicação para com  dom José Heleno, irmão para o qual ele dispensa todo o cuidado.
Brota a necessidade de agradecer. Ser gratos pelo seu esforço “deu tudo de si mesmo”. Lembrou-se na sua missa aqui no dia 04 que o acompanharemos na sua emeritude. Nas orações de maneira especial. Certamente o agradecimento e reconhecimento ficarão mais visíveis com o tempo. À medida que se der conta de que sua maneira de lidar com o seminário foi importante. Fez tudo por causa do Reino de Deus. 

É Deus Conosco!

            Dia 16 de fevereiro de 2011 foi nomeado dom Emanuel Messias de Oliveira, de 63 anos, para bispo de Caratinga. E no dia 20 de maio de 2011, dom Emanuel tomará posse, às 18 horas, na catedral São João Batista.
            A serviço da Igreja, povo de Deus, dom Emanuel carrega consigo seu tão precioso lema episcopal: A serviço da Misericórdia.
            Em uma entrevista concedia a nós dom Emanuel relata suas expectativas para a diocese. De maneira especial fala do seminário. Segundo ele o seminário já tem uma ótima estrutura, apresentou um ardente desejo de continuar sendo presença na vida dos seminaristas, as pupilas do bispo, participado das atividades propostas pelo Seminário Diocesano.
            Dom Emanuel seja bem-vindo, nosso seminário diocesano e todo o povo desta diocese o acolhe com alegria!

TEOLOGIA E EXPERIÊNCIA DE DEUS

A teologia não supõe apenas um estudo sobre Deus, mas, sobretudo propõe uma experiência de Deus. A partir desta experiência torna-se possível tecer um discurso sobre o mesmo. A experiência de Deus só é possível, porque primeiro Ele fez experiência do humano em Jesus, abrindo um canal de contato entre o criador e a criatura, o que no princípio já existia, mas foi rompido pelo pecado.  A experiência do sagrado na teologia é contemplada como espiritualidade, o que em nenhuma hipótese significa alienação da realidade, pelo contrário, aquele que faz esta experiência torna-se, movido pelo Espírito, um agente de transformação. Assim entendemos que o homem espiritual é aquele que se encarna na história buscando superar suas ambiguidades, a partir do prisma relacional de fé que tem de Deus. Já que a experiência de Deus só é possível graças à encarnação de Jesus em nossa história, não se pode conceber uma experiência espiritual autêntica que alie o ser humano desta esfera.
A teologia é um discurso a partir de uma experiência feita do sagrado. Quando Deus não é experimentado, todo discurso sobre Ele torna-se vazio e sem consistência teológica. O Deus cristão é o Deus da experiência, pois Ele assim o quis. Só reza de verdade o Pai-Nosso, quem fez a experiência de um Deus que é pai por amor e assim sendo, nos fez irmãos.  A qualidade da teologia é a experiência que se faz do transcendente, experiência esta, que lança aquele que a fez para o mundo do transcendente, a ponto de suas atitudes nem sempre serem bem compreendidas por todos, por vezes nem mesmo pela instituição que fala em nome de Deus.
A teologia é a evangelização da inteligência que quer saber quem é o Outro que convida a ser conhecido.  Conhecimento que se intensifica na experiência, mas que não se esvazia, pois Deus se revela, mas não se desvela, é sempre mistério a ser experimentado, por vezes impossível de ser traduzido em palavras ou argumentos teológicos, abrange a totalidade do ser humano e a supera, não se permitindo ser manipulado, mas ser encontrado nas realidades do mundo. A teologia assume então sua dimensão existencial.
A experiência de Deus é um constante convite à relação. O cristianismo é uma experiência relacional de Deus com o homem e do homem com Deus, pois afinal o destino último do homem e de toda a criação é a comunhão plena com Deus, este seu destino tem suas raízes mais profundas na sua ontologia. A pessoa é o sujeito da experiência e a história é o lugar onde se dá concretamente esta experiência. A experiência cristã é a configuração do cristão a Cristo, que se dá por meio da graça recebida no batismo, onde o agora cristão é acolhido na grande família cristã e convidado a identificar o seu jeito de viver ao do próprio Cristo.
 A experiência cristã lança o cristão no totalmente Outro, capaz de preencher e dar sentido pleno a existência humana. É experiência de doação; oriunda do Pai que se deu a nós naquele que lhe é mais querido, o Filho, fazendo da existência cristã, um encontro do humano com a Trindade. Onde o Pai é totalmente autodoação no Filho a nós. Essa doação cria comunhão entre o humano e as pessoas divinas gerando uma divinização que explicita uma radical humanização. Assim podemos assegurar que o maior distintivo do cristão que fez uma profunda experiência de Deus não se verifica tanto por meio de palavras ou atos miraculosos, mas por meio da intensidade como ama seu próximo.  E amor só se experimenta amando. A experiência do divino pode ser melhor compreendida por atos simples do que por raciocínios complexos. 

Matias José Pereira
Seminarista 4º ano de Teologia
São João do Manhuaçu, Caratinga

A LIBERDADE COMO FUNDAMENTO DAS AÇÕES HUMANAS

A liberdade pressupõe responsabilidade e uso da razão, pois nossas atitudes podem resultar na ordem ou no caos



A liberdade é um tema refletido desde a antiguidade. Vale lembrar Platão e o Mito da caverna, Agostinho e o Livre arbítrio, Kant ea Autonomia da vontade, Amartya Sem e o Desenvolvimento como liberdade, entre outros que trataram do tema de forma brilhante. Embora sempre o tema liberdade fosse discutido, o homem continua buscando um princípio que conduza sua ação, de modo que não fira sua dignidade, nem a do outro. É possível a liberdade ser este fundamento?
Os gregos fundaram a moralna ordem natural do cosmos, e humana. Os medievais entendia a ética como sendo Deus um princípio e modelo ordenador, e os elementos ordenados. Ou seja, conforme Lima Vaz: “Deus, o paradigma ético, e as pessoas a Ele subordinadas.” Na modernidade o antropocentrismo rompe com os paradigmas. O homem se torna o centro do universo, logo responsável por suas ações. Mas, é possível fundamentar a moral no próprio homem?
Esta é a grande questão tratada pelos filósofos modernos, principalmente Emanuel Kant ao inaugurar a ética racionalista subjetiva, buscando um princípio racional, e universal para a moral, o imperativo categórico que se imprime pelo dever. Porém, o homem possui a liberdade entendida como autonomia. A vontade é livre quando confere a lei a si mesma, sendo autolegisladora,condicionando a liberdade à razão.
A autonomia trouxe grandes consequências, pois a sociedade medieval era bem estruturada.Existia o princípio ordenador, Deus, que sobrepunha e regulamentava a vontade humana. Porém este modelo não corresponde aos novos ideais. Porquecom a autonomia, o homem torna-se o senhor de seus atos. Não agindo de acordo com a vontade divina, mas dando a si mesmo a lei.
Deste modo, surge a questão: o homem sendo autônomo tende a absolutizar a subjetividade.Assim, o ser humano pode se achar em condição de fazer o que quer, esquecendo-se das leis universais, que garantem a ordem na sociedade. Exemplo: a vontade de ter dinheiro, sucesso e honras, não dá ao homem o direito de roubar, matar ou agir de forma injusta para conseguir tais fins.
Com isso, podemos afirmar que a liberdade pressupõe responsabilidade e uso da razão, pois nossas atitudes podem resultar na ordem ou no caos. E se existem os males neste mundo, somos nós mesmos os responsásseis, já que nossa vontade é autônoma. Como afirma Amartya Sen, os males não resultam de descuidos divinos são causados por nós devido ao mau uso da liberdade, mas se os provocamos somos também capazes de corrigi-los.
Portanto, a liberdade possui um valor primordial, visto que a autonomia prede-se a ideia de dignidade do ser humano, e faz dele um fim em si mesmo. Autor de sua própria lei, o homem não tem apenas um preço, ou seja, um valor relativo, mas um valor intrínseco.Pois ele é o autor do fluxo histórico capaz de provocar mudanças. Se o homem tiver a pretensão de um mundo bom, é necessário que ele acredite no fundamento racional e universal que conduz a sua ação, a autonomia.
Percebe-se que a ideia de liberdade proporcionou grande avanço para a humanidade, pois o homem deixou de agir de acordo com a vontade alheia, ou por medo de punição, para a condição de leis práticas,que têm o valor em si, e que se impõem de maneira absoluta em todas as circunstâncias, e sejam quais forem às consequências. Pois a lei moral é valida para todo ser racional.
Contudo, ficam alguns questionamentos para continuar pensando. Diante da religião, do mercado e da política, o homem pode ser manipulado e ser privado de sua liberdade? O homem tem feito bom uso de sua liberdade? O sistema educacional forma o homem para autonomia? Os meios de comunicação estão a serviço da liberdade? E o homem tem consciência da responsabilidade que a liberdade o imprime?
Daniel de Souza Fialho
danielsf@folha.com.br
Elias Fernandes Pinto
eliasfp@folha.com.br
Alunos do 5º período de filosofia

Experiência Vocacional no Propedêutico

“Cada seminarista deve ter presente consigo que ele é o principal sujeito de sua formação, como o espelho que doravante será o reflexo da realidade que hoje constrói”

Cada vocacionado recebe do Senhor um chamado. No contexto da fé cristã designa a missão confiada por Deus a cada batizado, cuja santidade é seu objetivo último.
 Dentre as diversas vocações existentes na Igreja, o chamado de Deus ao ministério sacerdotal constitui-se um dos mais belos e especiais. Afirmava o Venerável Papa João Paulo II que “toda vocação sacerdotal é um grande mistério, um dom que supera infinitamente o homem”. De fato, os efeitos do Sacramento da Ordem transcendem a realidade fragilizada do homem, pois configura os ministros ordenados à Pessoa de Cristo, conferindo-lhes o poder de sinalizar diante da comunidade cristã a presença Sublime de Jesus Sacerdote e Bom Pastor.
 No entanto, todo chamado de Deus precisa ser descoberto a partir de um processo de discernimento vocacional, e com o dom do sacerdócio não é diferente. Embora tenha sido plantado por Deus no coração de muitos, os frutos só poderão ser abundantes se for devidamente cultivado e preservado. Também a amizade com Deus, através da oração e meditação da Palavra será fundamental para assegurar a convicção do chamado recebido.
 Assim sendo, nosso Seminário Propedêutico São José acolhe neste ano de 2011 quinze jovens, provindos das Dioceses de Guanhães e Caratinga, dispostos a vivenciarem este processo de discernimento do chamado que ressoa forte em seus corações, na certeza de que, como diz o Prof. Felipe Aquino, “só o desejo de ser sacerdote já representa metade da certeza de que é este o dom concedido por Deus ao vocacionado”. Este ano introdutório será, portanto, uma oportunidade especial de esclarecer esta vocação, além de ser um período de crescimento na convivência fraterna e de uma maior aproximação de Deus através das diversas experiências de oração.
 “Vem e segue-me” (Mt 9,9) é o convite do próprio Cristo dirigido a cada um desses jovens. Se a conclusão obtida for de que o chamado de Deus é realmente para o exercício do ministério sacerdotal, que ele possa ser vivido de forma plena em prol da construção do Reino de Deus, em perfeita fidelidade ao Papa e ao Magistério autêntico, à Tradição Apostólica e à Sagrada Escritura.
Para que cada seminarista chegue ao ápice do discernimento vocacional, permanece o forte apelo a toda a Igreja, para que reze sem cessar pelas vocações, pois deste grande sustentáculo não podemos abrir mão.