domingo, 5 de dezembro de 2010

pôr-do-sol














Quantos pores do sol como esse não acontecem diariamente, só que não os vejo!
O que mais não vejo?
A rotina do cotidiano,
os atos repetitivos e quase que mecânicos me esfriaram e me tornaram insensível,
sinto esvair do espírito a capacidade de contemplar.
Estou perdendo as almas poéticas, românticas, puras, sinceras e honestas.
Torno-me uma máquina,
cuja finalidade é apenas funcionar e produzir.
Faço parte de um sistema,

cuja principal necessidade para sobreviver é ser acrítico, passivo.
É proibido pensar!
Sobreviver?
É não questionar.
Minha vida tornou-se tão previsível e programada para os próximos quatro anos
que sei a que horas vou levantar,
o que vou comer,
estudar,
rezar

e o pior, como devo mascarar meu comportamento,
caso contrário, o sistema pode me devorar.
Frases,
discursos,
atos,
roupas,
conversas de canto.
Onde estou?
Cadê o encanto?
O que me conforta é saber
que nenhum por do sol é definitivo
e também o que vive, não é!
Amanhã, este sol que hoje se deita por detrás dessa montanha,
vai novamente acordar;
como ele, meu espírito também acordará de seu torpor.

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Dalmo Siqueira
Seminarista, primeiro ano de Teologia
Diocese de Caratinga

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