Parece
que a voz de João Batista continua a ressoar em nossos ouvidos: Endireitai o
caminho do Senhor!
É
necessário ir ao deserto, deserto com Ele, e deixar que Ele nos fale ao
coração. Talvez possa chamar isso de oração-intimidade.
Acredito
eu que no deserto ouviremos novamente “Endireitai o caminho do Senhor.” Tornai
planas suas veredas, mudai de vida, tomai nova reta. Tornemo-nos profetas,
profetas do tempo presente que urge e não volta atrás.
Tomemos
consciência da profundidade do deserto-lugar da escuta, do silêncio, da
presença, presença do Amado que nem sempre é amado. Deserto, lugar da solidão
povoada. Deserto lugar da oração.
Mas
o que é mesmo oração? Oração é olhar Nele, para socorrer os olhos dos outros.
Oração é necessidade de amor. É vida!
Quantos
caminhos com direção contrária, vocações mal vividas, experiências frustradas,
testemunhos falsos. Talvez não foram
discernidas em desertos e oração.
Oxalá todos nós tivéssemos um pouco de João
Batista – O precursor. Homem que preparou os caminhos do Senhor e apontou de
fato o cordeiro. Homem que descobriu o Senhor que o visitou e o serviu quando
ainda estava no ventre de sua mãe.
Quando
descobrimos o Senhor na intimidade, somos impulsionados por Ele mesmo a
estabelecer mudanças em nosso caminho. Descobriremos assim nossa vocação e
vamos a partir dela fazer de nossa vida um ato de fé, serviço à humanidade.
Morreu
pela verdade e não temeu ir até o fim. Seu sangue derramado pode ser fonte de
vida para nós, se de fato queremos ir até o fim na construção do reino que já
se encontra em nosso meio. Ou ainda
melhor... Está dentro de nós!
Olhemos,
olhemos em nosso interior, no deserto de nossa existência, lugar do maior
encontro com Ele, o Amado que não é amado, repito. Façamos O amado, amemos O
profundamente e vamos com Ele, por Ele e Nele, enfrentar as feras e a sede
ferrenha do deserto de nossa alma.
Ao
encontrarmos, façamos com Ele diálogo, mas aproveitemos para escutar lhe, mais
do que falar. Façamos com Ele um colóquio de amor, tão radical que nos
impulsione a endireitar o caminho, mudar a rota e orientar a outros que clamam
solitários em seus desertos.
Talvez
possamos pensar que é fácil ser orante, tecer com o Amado relação, estabelecer
amizade constante e prosseguir nas noites da vida. Até ao ponto de dar a vida,
o sangue.
Hoje
a decisão é dar se dia a dia, comprometer com o exercício à unidade. Unidade
conosco, com os outros e com Ele, o Senhor Amado, o cordeiro apontado por João.
Assim quem sabe de verdade deixaremos espaço para que Ele cresça e diminuamos
nós com nossas vaidades e infidelidades frente ao amor libertador.
Ana Maria Scarabelli
Professora de História da Educação
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