No
início do cristianismo houve vários questionamentos teológicos sobre a pessoa
de Jesus de Nazaré, alguns deles foram considerados heresias. Uma das perguntas
mais pertinentes é se Ele de fato foi um de nós, passando por todas as
tentações e inquietações da existência humana, se era completamente humano.
Como era a relação humana de Jesus com as pessoas de sua época?
A
pessoa humana de Jesus é atraente e apaixonante, considerado pelos cristãos
sendo o revelador do Pai, filho de Deus, que fez experiência humana, habitando
entre nós (Jo 1,14). Jesus não deixou de ser humano para se mostrar que era
divino, em seu gesto mais humano evidencia sua divindade.
Duquoc
(1977) afirma que a partir da encarnação o conhecimento de Deus passa pelo
conhecimento de Jesus. Jesus é o rosto humano de Deus “quem me vê, vê o Pai”
(Jo 14, 8). Quem se encontra com Jesus, encontra com Deus. Nos evangelhos as
pessoas que se encontram com Jesus, sentem a presença amorosa de Deus em sua
vida. Acontece uma transformação interior na vida de quem o encontra. Ele
torna-se um “sinal de Deus” no meio do povo.
Jesus
crescia "em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens"
(Lc 2,52). Esta citação do evangelho de Lucas demonstra claramente que Jesus
fez uma experiência humana semelhante a todos os outros humanos, passou por
todas as fases da vida e as inquietações humanas, exceto o pecado.
Toda
a vida de Jesus é uma vida de serviço à humanidade, uma existência para os
outros. (TAVARES, 2004, p.529). Jesus quebra todos os preconceitos culturais
existentes e não se incomoda com as críticas de seus adversários. Jesus vive
inteiramente para o Reino e se torna para os cristãos, ponto de referência, com
seu jeito de ser e de agir.
A
proposta do Reino de Deus anunciado por Jesus é justamente, fazer que seus
seguidores tenham uma vida de comunhão com Deus e aos irmãos, em defesa da
justiça social, da dignidade humana, da paz plena. Ele não formula teorias e nem código de leis,
sobre o Reino, mas em seus relacionamentos se percebe a sua praticidade, o seu
único mandamento para seus discípulos é a vivência do amor (Jo, 15, 12). Neste
sentido, o cristianismo não é uma imposição de normas, mas uma proposta de
vida, uma modo de viver neste mundo, sem ser do mundo (Jo 17, 15-18).
Quando
Jesus está conversando com as pessoas, não impõe aos outros suas opiniões,
mesmo quando não consegue convencer não apela para a força e violência, não oferece
respostas prontas, mas provoca em seus ouvintes e interlocutores a
autoconsciência, uma reflexão crítica diante da situação da realidade social.
Jesus
vai ao encontro dos indefesos, excluídos, marginalizados, dedica uma atenção
especial aos pobres, pecadores e mulheres de seu tempo, se relaciona com todos,
não evitando ninguém. (TAVARES, 2004, p. 523). Uma das suas características é a
sua relação com as pessoas: não exclui ninguém, dialoga com todos. Valoriza
cada pessoa, respeitando como ela é, cultiva especial atenção a todos sem
distinção, acolhendo-as como expressão do amor de Deus, resgata a identidade
pessoal, recupera o direito da liberdade de escolha, e defende a dignidade
humana.
A
prática da vida de Jesus está ligada diretamente com a situação real da vida comum das pessoas
de seu tempo. O discurso de Jesus não é isolado, separado da realidade de sua
época, mas está profundamente em relação com as pessoas de seu mundo: com a
situação social, religiosa, econômica, política e cultural.
Jesus
estabelece uma nova relação com Deus, feita pela gratuidade do amor, que nenhum
esforço humano pode comprá-lo, ou conquistá-lo por mérito. A comunhão que Jesus
tinha com Deus se reflete na comunhão com os irmãos dentro da comunidade.
Ao
longo de sua vida, Jesus revela um Deus próximo, afetivo, que transparece nas
suas relações interpessoais. Neste
sentido, a forma como Jesus se relaciona com as pessoas nos provoca a ter as
mesmas atitudes. A pessoa de Jesus é modelo humano para os cristãos e não-cristãos,
na capacidade de acolher aos outros, sem julgá-los, não usando preconceitos
culturais e religiosos. Sua grande preocupação é o respeito à pessoa humana em
defesa da sua dignidade.
Referências bibliográficas:
DUQUOC, Christian. Cristologia: O homem Jesus.
Trad. Atico Fassini. São Paulo. SP Ed. Loyola, 1977.
TAVAREZ, Sinivaldo. A singularidade de
Jesus e sua missão a partir de suas distintas relações. REB n° 255, v. 64.
Petrópolis, RJ Vozes 2004. P. 515- 547.
Elias Garcia de Moraes
3º ano de Teologia
Diocese de Caratinga
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